Viajar é muito bom. Dependendo do ponto de vista, viajar a trabalho pode ser melhor ainda!! Pensa comigo: você não gasta nenhum centavo e conhece lugares que nunca pensaria em visitar.
No dia 10 de outubro fui gravar no estado de Minas Gerais. A equipe de filmagem foi o repórter Delmar Gularte (meu chefe), o câmera Jerry Bittencourt e eu como produtora e repórter. Em 10 dias recebemos a missão de gravar oito videoaulas, para os cursos de: segurança no trabalho, controle ambiental, vigilância e gerência em saúde. Passamos pelas cidades de Juiz de Fora, Belo Horizonte, Betim, Montes Claros e Porteirinha. 
A cidade de Juiz de Fora é relativamente interessante. Achei o pessoal muito bonito e simpático. Todo mundo foi super solicito com a nossa equipe. Nós ficamos um dia e meio na cidade e as gravações renderam um bom material. Mas a impressão que ficou da cidade não foi das melhores. Na minha opinião Juiz de Fora não possui identidade prórpia – parece um bairro de periferia. Me pareceu que Juiz de Fora pode estar locado em qualquer lugar do Brasil. Achei estranha essa falta de características próprias do local ou de mineiro.
A nossa segunda parada foi em Belo Horizonte. Cidade muito bonita, com prédios históricos e muito arborizada, porém vi muita pobreza. O Governador de Minas Aécio Neves é um péssimo distribuidor de renda, aliás como a maioria dos governantes no Brasil. A sede do governo mineiro imita o palácio do planalto, só que mais moderna. Ao lado desse prédio monumental está um bairro super pobre, quase uma favela. O contraste da arquitetura moderna e imponente com o visinho simples é chocante. Nesses momentos eu me pergunto “Aécio Neves não tem vergonha de tornar explícita a falta de bom senso nos gastos públicos e de responsabilidade social?”. Num estado com grande parte da população vivendo com pouquíssima renda a administração do governo de Aécio, ou o próprio, gasta dinheiro com delírios arquitetônicos.. Enfim, nem tudo na vida é compreensível.
De BH dirigimos para Betim durante quatro dias. Betim possui as características de um bairro pobre de BH. Na cidade visitamos a estação de tratamento de esgoto, local fétido e desagradável de gravar. Nós filmamos para a vídeo aula de controle ambiental. Nossa missão foi mostrar a importância de um técnico de controle ambiental como símbulo de responsabilidade social. As imagens e os depoimentos ficaram ótimos, mas o cheiro realmente foi difícil de aguentar. O pessoal em Betim foi super solicito com a gente. Essa é uma das partes boas do meu trabalho, as pessoas abrem as suas casas para a câmera. Todo mundo quer mostrar suas virtudes e ser reconhecido pelo seu modo de vida. Isso torna o meu trabalho muito mais interessante!
Foi exatamente o que aconteceu quando chegamos a Tocandira, uma província de Porteirinha, onde fomos gravar uma campanha de vacinação. A ação foi organizada por técnicos de vigilância em saúde. A cidade fica no meio do cerrado, um local distante e inóspito. A população vive de economia de subsistência. As pessoas não trabalham porque não existe emprego. Tudo que vi foram uma escola, uma farmácia, um bar e um mercado. Apesar de faltar tudo, inclusive água, a população era simpática e sorridente. Gravamos a casa de uma senhora que, além de nos receber super bem, ficou extremamente empolgada de expor sua realidade para a câmera.
Na cidade de Porteirinha e Montes Claros foram igualmente gratificantes de trabalhar. Porém foi extremamente desagradável de filmar dentro do Hospital Universitário de Montes Claros. No HU haviam várias macas espalhadas por todos os locais. Neste dia estava chovendo e havia uma goteira perto da maca de um doente, a água passava pela lâmpada.
Ao presenciar aquele ambiente úmido e desagradável, o resto do dia tornou-se pesado. Infelizmente não posso escolher onde gravar, mas a realidade é que gosto de me deparar com essas realidades. Se eu fosse viajar a laser, jamais reconheceria o cotidiano de muitos brasileiros. Em cada uma dessas cidades percebi peculiaridades diferentes, porém a pobreza estava presente em todas elas. Isso me chocou, pois no Sul, onde moro, existem bairros mais pobres, porém eles vivem acima da linha da pobreza e não abaixo como presenciei em algumas cidades. Achei interessante sair do teórico e vivenciar a realidade do povo de meu país. Hoje tenho a certeza de fazer parte de uma sortuda minoria brasileira.
Ana Luiza Blog 